quarta-feira, 23 de maio de 2012

Prevenção e Proteção contra incêndios

Os incêndios provocam anualmente nas empresas enormes prejuízos materiais e muitas vitimas, quer por queimaduras e ferimentos quer, sobretudo, por intoxicação.
            Mesmo que não haja acidentes pessoais provocados pelo incêndio, resulta a maior parte das vezes para os trabalhadores a privação do seu trabalho habitual, durante um período de tempo apreciável. É, pois, necessário assegurar medidas visando impedir que o fogo se declare ou, quando acontece, impedir a sua propagação.
            Por outro lado, é necessário providenciar todos os meios materiais e humanos suscetíveis de controlar rapidamente um incêndio.

            As estatísticas disponíveis revelam que as causas mais frequentes dos incêndios são:
·         As instalações elétricas;
·         A utilização de chamas nuas e superfícies quentes;
·         A presença inadequada de matérias inflamáveis (líquidos e gases);
·         Os aparelhos de aquecimento.

Recentemente, tem-se constatado uma tendência para um aumento da ocorrência de fogos de origem criminosa, quer em empresas que em grandes áreas florestais. O estudo das causas dos incêndios, bem como dos fenómenos associados à sua propagação, revela-se da maior importância para a sua prevenção e controlo. O elemento decisivo para a melhoria das condições de segurança contra incêndios estará na formação de quadros e responsáveis técnicos das empresas e na sensibilização e motivação de todos os seus trabalhadores.

Química do Incêndio

O incêndio é uma reação de combustão (oxidação - redução) fortemente exotérmica e que se desenvolve, geralmente, de uma forma descontrolada, quer no tempo quer no espaço. Para além da emissão de calor verifica-se, num incêndio, a emissão de fumo e/ou chamas e gases de combustão.

Tradicionalmente, consideram-se três fatores como indispensáveis para a eclosão de um fogo:

a) combustível (substância redutora, que vai arder);
b) comburente (normalmente o ar, que contém cerca de 21% de oxigénio em volume);
c) energia de ativação (energia mínima necessária para se iniciar a reação, que é fornecida pela fonte de inflamação).

Estes três fatores constituem o que se costuma designar por triângulo do fogo.



As técnicas de extinção do fogo baseiam-se no conhecimento do triângulo do fogo e consistem na eliminação de um ou mais daqueles três fatores:

·         afastando-se o combustível do alcance do fogo ou dividindo-o em focos de incêndio mais pequenos e facilmente extinguíveis;
·         suprindo ou limitando o oxigénio, o que pode ser feito circunscrevendo o fogo a um espaço, impedindo, assim, o acesso de oxigénio (asfixia); ou cobrindo os focos com substâncias incombustíveis que impeçam o seu contacto com o ar, como, por exemplo: areia, espuma, etc. (abafamento);
·         limitando a temperatura, lançando água sobre o fogo, em jacto ou pulverizada, ou outras substâncias que absorvam o calor desenvolvido.

Modernamente admite-se um quarto fator, que é a reação em cadeia, obtendo-se, assim, o chamado tetraedro do fogo.


Com efeito, recentes investigações acerca da cinética química da combustão indicam que a união do oxigénio com o combustível não é direta, ocorrendo através de uma série de passos em que as reações se dão entre o oxigénio e os radicais livres emitidos pelo combustível aquecido ao ponto de inflamação. Estas reações de radicais livres dão lugar, também, às chamas visíveis e evolução do calor. O desenvolvimento da reação em cadeia está associado à formação de radicais livres. Certas técnicas de extinção, como, por exemplo, o uso de hidrocarbonetos halogenados e de certos pós químicos secos, baseiam-se na remoção daqueles radicais livres, impedindo, assim, a propagação das chamas.

Classes de Fogos

A norma portuguesa NP EN 2: 1993 classifica os fogos segundo o tipo de combustível, permitindo rapidamente prescrever o agente extintor a aplicar. Esta norma considera as seguintes classes de fogos:


Os fogos em materiais à base de celulose, tais como a madeira, tecidos, papel, forragens (cuja combustão pode ser viva ou lenta), são fogos da classe A.
A água é o agente extintor que se revela mais eficaz, sendo, também, o mais económico para este tipo de fogos.
A classe B engloba os fogos em hidrocarbonetos sólidos (ex: alcatrão) ou líquidos (gasolina, óleos, álcoois, etc.), para os quais a água em jacto é contra-indicada. Neste caso, podem ser utilizados o pó seco, a espuma, o dióxido de carbono e ainda os hidrocarbonetos halogenados.
A classe C engloba os fogos de gases. São exemplos desta classe os fogos de butano, propano, acetileno, hidrogénio, etc., sendo os produtos aplicáveis: pó, neve carbónica, hidrocarbonetos halogenados.
A classe D envolve as reações de combustão de, por exemplo, metais alcalinos e alcalino-terrosos. Como produtos de extinção temos os pós especiais anteriormente referidos.

Verifica-se que, segundo esta classificação, não nos aparece qualquer classe dita de fogos elétricos (anteriormente considerada pela normalização de alguns países). Com efeito, a eletricidade pode dar origem a qualquer tipo de fogo, segundo a natureza do combustível. Surge, antes, como uma complicação suplementar, devida, sobretudo, ao eventual risco de eletrocussão.
Assim, um produto extintor será caracterizado não só pelo tipo de fogo que se destina a combater mas, também, pela possibilidade de ser ou não utilizado em instalações elétricas em tensão. Por exemplo, a água em jacto, tal como a espuma, não poderá ser utilizada em instalações elétricas em tensão. Nesses casos poderemos usar extintores de dióxido de carbono e de hidrocarbonetos halogenados (Halon 1211, Halon 1301).

Em instalações elétricas de baixa tensão é permitida a utilização de água pulverizada.

Reflexão

No decorrer das vistorias realizadas os problemas encontrados relacionados com esta temática tem essencialmente a ver com os extintores, ou seja, muitas das vezes nas vistorias que realizamos encontramos extintores fora do prazo de validade mas os problemas mais regulares são a localização incorreta dos extintores, por exemplo, junto ao quadro elétrico, uma vez que, falamos de circuitos elétricos deve estar situado um extintor de dióxido de carbono mas o que encontramos com mais frequência são extintores de pó químico que, como sabemos, em caso de incêndio com origem no circuito elétrico o extintor de pó não apaga o fogo e é ai que pode começar um grande incêndio. A troca do extintor é sempre recomendada no relatório e é explicado à entidade empregadora o perigo a que todos os trabalhadores estão expostos. Esta é uma medida simples de ser tomada e que pode proteger o alastramento de um incêndio. Cada tipo de extintor é adequado a uma determinada classe de fogo, por isso, se existir o extintor adequado ao material que se encontra no local a prevenção e proteção de um incêndio é muito mais eficaz.

Fonte:
·         MIGUEL, A.S. (2010), Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 11Ed. Porto Editora.
·         Diplomas legais e normativos nacionais e comunitários em vigor.

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