sexta-feira, 1 de junho de 2012

Reflexão Final




É com alguma tristeza e já com saudades que anuncio o término do meu último estágio do Curso de Saúde Ambiental na empresa M.H.T. Este estágio teve duração de aproximadamente 3 meses e incidiu essencialmente em higiene e segurança no trabalho e segurança alimentar. As novas experiências adquiridas serviram para alargar os meus horizontes e consolidar muitos conhecimentos adquiridos ao longo destes quatro anos. Neste estágio pude colocá-los muitas vezes em prática quando fazia as visitas e elaborava os relatórios das mesmas. A experiência do estágio na M.H.T. não correu totalmente como tinha perspetivado, uma vez que, existiram alguns tempos mortos. Gostaria também de ter aproveitado outro tipo de experiências que a empresa tinha mas que não aconteceram durante o meu estágio, tal como, avaliação de ruído, avaliação de ambiente térmico e formações, no entanto, tudo o que fiz gostei muito e achei muito importante.
Das atividades que realizei as que mais me deram gosto realizar foram as visitas, tanto em Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho como em Segurança alimentar, também gostei de fazer as colheitas de alimentos e esfregaços e os testes de luminosidade.
Quero aproveitar para agradecer, desde já, ao Engº Nunes da Silva e ao Srº Jorge Silva por me terem recebido nas suas instalações mas, especialmente, às minhas colegas Madalena Crespo e Iolanda Sousa por todos os momentos que passámos juntas e pelo apoio e aprendizagem que me deram. Foi com elas que aprendi e coloquei em prática tudo o que recebi deste estágio, no que diz respeito à segurança, higiene e saúde no trabalho. Quero agradecer também à Engº Mafalda Forjó por tudo o que me ensinou e ajudou na área de segurança alimentar. Por fim, mas não menos importante à Professora e Orientadora de estágio Cidália Guia pela compreensão e ajuda ao longo destes meses de estágio.
Visto que este é o meu último ano e vai ser a minha última publicação enquanto aluna do II Curso de Saúde Ambiental, quero agradecer a todos os meus colegas e amigos pelos momentos que me proporcionaram e pela ajuda que me deram nesta longa caminhada por Beja, a cidade que me acolheu durante 3 anos de vida académica, em que vão ficar apenas todos os momentos bons e únicos que vivemos juntos. Agradeço a todos os professores que lecionaram cadeiras no nosso curso mas em especial ao Professor Rogério Nunes, Professor Albino,  Professor António Branco, Professora Raquel e Professora Cidália por todo o apoio e por tudo o que fizeram por nós nestes anos.

Obrigada a todos nunca me esquecerei de ninguém!

É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer.”
Aristóteles

Confoto Térmico



"A zona de conforto representa aquele ponto no qual a pessoa necessita de consumir a menor quantidade de energia para se adaptar ao ambiente circunstante". (Olygay, 1973)

O ambiente térmico pode ser definido como o conjunto das variáveis térmicas do posto de trabalho que influenciam o organismo do trabalhador, sendo assim um fator importante que intervém, de forma direta ou indireta na saúde e bem-estar do mesmo e na realização das tarefas que lhe estão atribuídas.

O homem é um animal homeotérmico, de sangue quente que, para sobreviver, necessita de manter a temperatura interna do corpo (cérebro, coração e órgãos do abdómen) dentro de limites muito estreitos, a uma temperatura constante de 37 ºC, obrigando a uma procura constante de equilíbrio térmico entre o homem e o meio envolvente que tem influencia nessa temperatura interna, podendo um pequeno desvio em relação a este valor indiciar a morte.

Quando existe a perceção psicológica desse equilíbrio, pode falar-se de conforto térmico, que é definido pela ISO 7730 como:

“Um estado de espírito que expressa satisfação com o ambiente que envolve uma pessoa (nem quente nem frio).”

É portanto, uma sensação subjetiva que depende de aspetos biológicos, físicos e emocionais dos ocupantes, não sendo desta forma, possível satisfazer a todos os indivíduos que ocupam um recinto, com uma determinada condição térmica. Um ambiente neutro ou confortável é um ambiente que permite que a produção de calor metabólico se equilibre, com as trocas de calor (perdas e/ou ganhos) provenientes do ar à volta do trabalhador.
Fora desta situação de equilíbrio, podem existir situações adversas em que a troca de energia calorífica constitui um risco para a saúde da pessoa, pois mesmo tendo em conta os mecanismos de termorregulação do organismo, não conseguem manter a temperatura interna constante e adequada.
Nestas situações pode-se falar de stress térmico, por calor ou frio.

Formas de transferência de calor entre homem e meio ambiente

Quando dois corpos estão na presença um do outro a temperaturas diferentes há transferência de calor do corpo mais quente para o corpo mais frio até se estabelecer a igualdade de temperaturas.

Esta transferência pode dar-se através de um ou mais dos seguintes modos:

Condução
Quando a transferência de calor se realiza através de sólidos ou líquidos que não estão em movimento (e.g. contacto entre um corpo quente e um frio).

Convecção
Quando a transferência de calor se realiza através dos fluidos em movimento, e por isso só tem lugar nos líquidos e nos gases (e.g. o movimento do ar).

Radiação
Todas as substâncias radiam energia térmica sob a forma de ondas eletromagnéticas. Quando esta radiação incide sobre outro corpo, pode ser parcialmente refletida, transmitida ou absorvida. Apenas a fração que é absorvida surge como calor no corpo.

Evaporação
Uma via de grande importância em fisiologia é a evaporação, que constitui uma perda de calor. Esta evaporação, através da sudação, dá-se a nível da pele e arrefece a sua superfície.

A sensação de conforto térmico depende do equilíbrio térmico entre a produção de energia pelo corpo somado dos ganhos de energia do meio e as perdas para o mesmo, com o objetivo de manter a temperatura interna do corpo em cerca de 37 ºC.

Fatores que influenciam a sensação de conforto térmico

A sensação de conforto térmico depende da conjugação e da influência de vários fatores.

Os principais são:
• Variáveis Individuais
- tipo de atividade;
- vestuário;
- aclimatação.

• Variáveis Ambientais
- temperatura do ar;
- humidade relativa do ar ou pressão parcial de vapor;
- temperatura média radiante das superfícies vizinhas;
- velocidade do ar.

Avaliação do ambiente térmico

Para avaliar as situações a que está submetido um trabalhador exposto a determinadas condições ambientais e de trabalho utilizam-se métodos ou critérios objetivos, que se determinam principalmente em função de:
• temperatura do ar;
• humidade do ar;
• calor radiante;
• velocidade do ar;
• metabolismo;
• vestuário.

No estudo do ambiente térmico há a considerar duas situações:
   • A sobrecarga térmica ou "stress" térmico que relaciona a exposição do corpo humano a ambientes de temperaturas extremas;

   • O conforto térmico que, não envolvendo temperaturas extremas, relaciona a temperatura, humidade e velocidade do ar existentes nos locais que, no seu conjunto, podem provocar desconforto.

Qualquer uma destas situações pode ser medida com base em técnicas especiais calculando-se índices que informam da qualidade ambiental do local de trabalho.

- indicador para avaliar a sobrecarga térmica é o índice WBGT1 - Norma ISO 7243 -1989.
- conforto térmico é medido através dos índices PMV2 e PPD3 - Norma ISO 7730 -1994.
            Qualquer um destes índices é calculado com base em medições de temperatura, humidade relativa, velocidade do ar, calor radiante e em dados sobre o vestuário dos trabalhadores presentes no local e na sua atividade.

Independentemente dos resultados de uma avaliação mais rigorosa podem tomar-se algumas medidas de carácter geral com a finalidade de se obterem condições ótimas de trabalho, nomeadamente:
• A regulação da temperatura e a renovação do ar devem ser feitas em função dos trabalhos executados e mantidas dentro de limites convenientes para evitar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Nos termos da legislação em vigor sobre locais de trabalho, o caudal médio de ar fresco e puro deve ser de, pelo menos, 30m3 por hora e por trabalhador. Poderá ser aumentado até 50m3 sempre que as condições ambientais o exijam, por exemplo, em locais onde se efetuem soldaduras;
• Também segundo a legislação em vigor, a temperatura dos locais de trabalho deve, na medida do possível, oscilar entre 18 ºC e 22 ºC, salvo em determinadas condições climatéricas, em que poderá atingir os 25 ºC. A humidade da atmosfera de trabalho deverá oscilar entre 50% e 70%;
• Quando, por diversos condicionalismos, não for possível ou conveniente modificar as condições de temperatura e humidade, deverão ser adotadas medidas tendentes a proteger os trabalhadores contra temperaturas e humidades prejudiciais, através de medidas técnicas localizadas ou meios de proteção individual ou, ainda, pela redução da duração dos períodos de trabalho no local. Não devem ser adaptados sistemas de aquecimento que possam prejudicar a qualidade do ar ambiente;
• Nos locais de trabalho onde a temperatura é elevada, devem ser colocadas barreiras, fixas ou amovíveis, de preferência à prova de fogo, para proteger os trabalhadores contra radiações intensas de calor. Devem ainda ser fornecidos equipamentos de proteção individual, tais como luvas, aventais, fatos, etc. e deverá ser previsto o fornecimento de bebidas para evitar a desidratação;
• Pelo contrário, em locais de trabalho de baixa temperatura, deve ser fornecido aos trabalhadores vestuário de proteção adequado e bebidas quentes;
• Nas indústrias em que os trabalhadores estejam expostos a temperaturas extremamente altas ou baixas, devem existir câmaras de transição para que se possam arrefecer ou aquecer gradualmente até à temperatura ambiente;
• As tubagens de vapor e água quente ou qualquer outra fonte de calor devem ser isoladas, por forma a evitar radiações térmicas sobre os trabalhadores, ou perda de energia por parte destes fluidos em termos do processo produtivo;
• Os radiadores e tubagens de aquecimento central devem ser instalados de modo que os trabalhadores não sejam incomodados pela irradiação de calor ou circulação de ar quente. Deverá assegurar-se a proteção contra queimaduras ocasionadas por radiadores;
• Em relação à qualidade do ar devem existir na empresa sistemas de aspiração de fumos e/ou poeiras, sistemas de aspiração sobre os locais de utilização de produtos nocivos e deverá existir sempre uma renovação regular de ar das instalações;
• As correntes de ar devem ser sempre evitadas pelo que, na implementação dos postos de trabalho, deverá ter-se sempre em consideração esse facto;
• A manutenção dos equipamentos de aquecimento e/ou refrigeração deverá ser programada e efetuada em prazos que permitam um eficiente funcionamento dos mesmos.

Fonte:
·         MIGUEL, A.S. (2010), Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 11Ed. Porto Editora.
·         Diplomas legais e normativos nacionais e comunitários em vigor.
·         http://www.dryvit.pt/confortotermico.htm - Conforto Térmico.