segunda-feira, 28 de maio de 2012

Riscos Psicossociais


Durante todo o ano de 2012 a ACT (Autoridade para as Condições de Trabalho) realiza uma campanha europeia de inspeção para verificar questões psicossociais. O objetivo da campanha é dar especial atenção aos riscos psicossociais no trabalho através da inspeção. O objetivo das inspeções é alcançar uma melhor qualidade de avaliações de risco psicossocial e reunir com os trabalhadores e empregadores durante a visita de inspeção.
A campanha vai concentrar-se em primeiro lugar nos seguintes setores:
·         O setor da saúde, inclusive assistência social (privada e pública);
·         O setor de serviços, por exemplo, hotéis e restaurantes;
·         O setor dos transportes.

De acordo com a legislação da União Europeia, o empregador tem a responsabilidade por todos os aspetos da saúde e segurança no trabalho, incluindo questões psicossociais.
Nas últimas décadas, mudanças na nossa forma de trabalhar resultaram num aumento da quantidade de problemas psicossociais nos locais de trabalho europeus. O excesso de trabalho, o trabalho monótono, as expetativas difusas no desempenho do trabalho e o risco de violência são exemplos de riscos psicossociais, que resultam em consequências para a organização e para o individuo. As consequências para a organização são, por exemplo, perturbações na produção, problemas de cooperação, o aumento da rotatividade de pessoal e incidentes. Para o individuo, as consequências podem ser problemas psicológicos, stress, distúrbios de sono, entre outros.

Como medidas preventivas pode-se:
·         Alterar a gestão;
·         Distribuir equilibradamente as tarefas de trabalho;
·         Pedir a participação dos trabalhadores;
·         Desenvolver competências;
·         Informar;
·         Sugerir.

Segundo pesquisas anteriormente realizadas pela ACT demonstram que os setores selecionados para a campanha estão entre aqueles que apresentam maiores riscos psicossociais.
Segundo dados europeus de 2007 cerca de 8% dos trabalhadores portugueses afirmaram ter um ou vários problemas de saúde ligados ao trabalho, (média europeia estava em 8,7%) em que mais de 48% dos casos afetava a vida do dia-a-dia e cerca de 50% determinava uma situação de absentismo. Cerca de 19% declararam que esta afetação estava relacionada com aspetos da saúde mental e cerca de 50% com aspetos relativos à saúde física.
Mais de 40% dos trabalhadores dos transportes e comunicações de Portugal acredita que o stresse afeta negativamente a sua saúde e segurança. Cerca de 79% dos gestores europeus estão igualmente preocupados com o stresse do trabalho.

Ao empregador cabe:

·         Avaliar os riscos regularmente – os riscos psicossociais devem ser identificados e avaliados, poe exemplo, através de diálogos, entrevistas, observação, listas de verificação ou questionários.
·         Fazer um plano de ação – deve incluir as medidas a serem adotadas para eliminar ou controlar os riscos, quem é o responsável e quando?
·         Por fim, deve verificar se as medidas foram adotadas.

Durante a inspeção realizada pela ACT o inspetor irá fazer perguntas como, quais os riscos que foram considerados, de que forma fez a avaliação de risco (quem participou?) e quais as medidas adotadas, depois de tudo isto o inspetor pode exigir melhorias e pode fazer uma segunda inspeção para verificar se as medidas foram adotadas.
           
A nossa empresa elabora questionários de avaliação de riscos psicossociais e somos nós próprios que fazemos a avaliação e recomendamos as medidas, sendo estas dadas a conhecer aos empregadores e mais tarde verificadas em ato de vistoria. Este é um problema que, cada vez mais, afeta várias pessoas, por isso, é extremamente importante este tipo de inspeção por parte da ACT.

Fonte:

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Prevenção e Proteção contra incêndios

Os incêndios provocam anualmente nas empresas enormes prejuízos materiais e muitas vitimas, quer por queimaduras e ferimentos quer, sobretudo, por intoxicação.
            Mesmo que não haja acidentes pessoais provocados pelo incêndio, resulta a maior parte das vezes para os trabalhadores a privação do seu trabalho habitual, durante um período de tempo apreciável. É, pois, necessário assegurar medidas visando impedir que o fogo se declare ou, quando acontece, impedir a sua propagação.
            Por outro lado, é necessário providenciar todos os meios materiais e humanos suscetíveis de controlar rapidamente um incêndio.

            As estatísticas disponíveis revelam que as causas mais frequentes dos incêndios são:
·         As instalações elétricas;
·         A utilização de chamas nuas e superfícies quentes;
·         A presença inadequada de matérias inflamáveis (líquidos e gases);
·         Os aparelhos de aquecimento.

Recentemente, tem-se constatado uma tendência para um aumento da ocorrência de fogos de origem criminosa, quer em empresas que em grandes áreas florestais. O estudo das causas dos incêndios, bem como dos fenómenos associados à sua propagação, revela-se da maior importância para a sua prevenção e controlo. O elemento decisivo para a melhoria das condições de segurança contra incêndios estará na formação de quadros e responsáveis técnicos das empresas e na sensibilização e motivação de todos os seus trabalhadores.

Química do Incêndio

O incêndio é uma reação de combustão (oxidação - redução) fortemente exotérmica e que se desenvolve, geralmente, de uma forma descontrolada, quer no tempo quer no espaço. Para além da emissão de calor verifica-se, num incêndio, a emissão de fumo e/ou chamas e gases de combustão.

Tradicionalmente, consideram-se três fatores como indispensáveis para a eclosão de um fogo:

a) combustível (substância redutora, que vai arder);
b) comburente (normalmente o ar, que contém cerca de 21% de oxigénio em volume);
c) energia de ativação (energia mínima necessária para se iniciar a reação, que é fornecida pela fonte de inflamação).

Estes três fatores constituem o que se costuma designar por triângulo do fogo.



As técnicas de extinção do fogo baseiam-se no conhecimento do triângulo do fogo e consistem na eliminação de um ou mais daqueles três fatores:

·         afastando-se o combustível do alcance do fogo ou dividindo-o em focos de incêndio mais pequenos e facilmente extinguíveis;
·         suprindo ou limitando o oxigénio, o que pode ser feito circunscrevendo o fogo a um espaço, impedindo, assim, o acesso de oxigénio (asfixia); ou cobrindo os focos com substâncias incombustíveis que impeçam o seu contacto com o ar, como, por exemplo: areia, espuma, etc. (abafamento);
·         limitando a temperatura, lançando água sobre o fogo, em jacto ou pulverizada, ou outras substâncias que absorvam o calor desenvolvido.

Modernamente admite-se um quarto fator, que é a reação em cadeia, obtendo-se, assim, o chamado tetraedro do fogo.


Com efeito, recentes investigações acerca da cinética química da combustão indicam que a união do oxigénio com o combustível não é direta, ocorrendo através de uma série de passos em que as reações se dão entre o oxigénio e os radicais livres emitidos pelo combustível aquecido ao ponto de inflamação. Estas reações de radicais livres dão lugar, também, às chamas visíveis e evolução do calor. O desenvolvimento da reação em cadeia está associado à formação de radicais livres. Certas técnicas de extinção, como, por exemplo, o uso de hidrocarbonetos halogenados e de certos pós químicos secos, baseiam-se na remoção daqueles radicais livres, impedindo, assim, a propagação das chamas.

Classes de Fogos

A norma portuguesa NP EN 2: 1993 classifica os fogos segundo o tipo de combustível, permitindo rapidamente prescrever o agente extintor a aplicar. Esta norma considera as seguintes classes de fogos:


Os fogos em materiais à base de celulose, tais como a madeira, tecidos, papel, forragens (cuja combustão pode ser viva ou lenta), são fogos da classe A.
A água é o agente extintor que se revela mais eficaz, sendo, também, o mais económico para este tipo de fogos.
A classe B engloba os fogos em hidrocarbonetos sólidos (ex: alcatrão) ou líquidos (gasolina, óleos, álcoois, etc.), para os quais a água em jacto é contra-indicada. Neste caso, podem ser utilizados o pó seco, a espuma, o dióxido de carbono e ainda os hidrocarbonetos halogenados.
A classe C engloba os fogos de gases. São exemplos desta classe os fogos de butano, propano, acetileno, hidrogénio, etc., sendo os produtos aplicáveis: pó, neve carbónica, hidrocarbonetos halogenados.
A classe D envolve as reações de combustão de, por exemplo, metais alcalinos e alcalino-terrosos. Como produtos de extinção temos os pós especiais anteriormente referidos.

Verifica-se que, segundo esta classificação, não nos aparece qualquer classe dita de fogos elétricos (anteriormente considerada pela normalização de alguns países). Com efeito, a eletricidade pode dar origem a qualquer tipo de fogo, segundo a natureza do combustível. Surge, antes, como uma complicação suplementar, devida, sobretudo, ao eventual risco de eletrocussão.
Assim, um produto extintor será caracterizado não só pelo tipo de fogo que se destina a combater mas, também, pela possibilidade de ser ou não utilizado em instalações elétricas em tensão. Por exemplo, a água em jacto, tal como a espuma, não poderá ser utilizada em instalações elétricas em tensão. Nesses casos poderemos usar extintores de dióxido de carbono e de hidrocarbonetos halogenados (Halon 1211, Halon 1301).

Em instalações elétricas de baixa tensão é permitida a utilização de água pulverizada.

Reflexão

No decorrer das vistorias realizadas os problemas encontrados relacionados com esta temática tem essencialmente a ver com os extintores, ou seja, muitas das vezes nas vistorias que realizamos encontramos extintores fora do prazo de validade mas os problemas mais regulares são a localização incorreta dos extintores, por exemplo, junto ao quadro elétrico, uma vez que, falamos de circuitos elétricos deve estar situado um extintor de dióxido de carbono mas o que encontramos com mais frequência são extintores de pó químico que, como sabemos, em caso de incêndio com origem no circuito elétrico o extintor de pó não apaga o fogo e é ai que pode começar um grande incêndio. A troca do extintor é sempre recomendada no relatório e é explicado à entidade empregadora o perigo a que todos os trabalhadores estão expostos. Esta é uma medida simples de ser tomada e que pode proteger o alastramento de um incêndio. Cada tipo de extintor é adequado a uma determinada classe de fogo, por isso, se existir o extintor adequado ao material que se encontra no local a prevenção e proteção de um incêndio é muito mais eficaz.

Fonte:
·         MIGUEL, A.S. (2010), Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 11Ed. Porto Editora.
·         Diplomas legais e normativos nacionais e comunitários em vigor.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Colheita de alimentos para análise

A Norma Portuguesa 1828 estabelece algumas técnicas de colheita para análises microbiológicas, sendo que, os recipientes com material esterilizado, quando enviados para fora do laboratório devem:
·         Ser protegidos das poeiras ou de outras conspurcações pelo meio ambiente.
·         Ter a data de esterilização e ser devolvidos ao laboratório, no máximo, oito dias após aquela data, quando não utilizados.

Os recipientes para conter amostras devem ser de material apropriado impermeável à água e às gorduras, tais como, vidro, metal inox ou material plástico apropriado, suscetível de ser esterilizado. No caso de géneros alimentícios sólidos ou pastosos os recipientes devem, ainda, ter abertura larga. A capacidade e forma dos recipientes devem ter em conta a natureza da amostra a colher. O fecho do recipiente deve ser assegurado de tal modo que a rolha ou tampa seja, também, esterilizável e garanta a sua estanquidade. Podem ser utilizados, quando estéreis, recipientes de material plástico apropriado, fechados por termocolagem imediatamente após a colheita.

Ø  A colheita deve ser realizada com os indispensáveis cuidados de assepsia, mas também de modo a representar devidamente as características microbiológicas do alimento a analisar.
Ø  O ambiente deve ser limpo, calmo, sem correntes de ar, sem humidade e sem cheiros que se possam transmitir ao alimento e, tanto quanto possível, à temperatura da sua conservação.
Ø  A roupa dos intervenientes deve estar limpa e as mãos desinfetadas.
Ø  As zonas dos utensílios utilizados para a colheita das amostras não devem contactar senão o próprio alimento ou as superfícies esterilizadas dos respetivos contentores, não devendo, nunca, ser colocadas sobre mesas, bancadas ou embalagens dos próprios géneros alimentícios. 
Ø  As mãos não devem tocar na amostra a analisar, nem as zonas dos utensílios que os irão contactar.
Ø  O recipiente onde se encontra o género alimentício deve ser aberto o menos possível, com os maiores cuidados de assepsia, desinfetando previamente a zona da abertura e de modo a não tocar o género alimentício. Os utensílios utilizados devem estar esterilizados e não devem servir para a colheita de outra amostra sem nova esterilização.
Ø  Quando o alimento é pastoso, e portanto, de difícil mistura, dever-se-ão colher porções em pontos diversos, afastados e a diferentes profundidades.
Ø  Na colheita de amostras de alimentos sólidos há que saber se a parte externa que pode estar ou não contaminada, deve ou não fazer parte da amostra. No segundo caso deve ser retirada a camada superficial usando material esterilizado o qual só poderá ser utilizado na colheita da amostra após nova esterilização.
Ø  Dada a impossibilidade de homogeneizar os alimentos sólidos, a amostra deve ser constituída por porções colhidas em diferentes locais, nas zonas superficiais, médias e profundas.

Procedimento de colheita

Ø  Escolhe-se o prato para colheita, tendo em consideração a confeção e/ou os ingredientes utilizados que possam traduzir um maior riscos para a saúde pública.
Ø  O prato é confecionado como se fosse para ser servido e com o auxílio dos talheres que o utente iria utilizar, o alimento é deslocado do prato para o recipiente de colheita previamente esterilizado.
Ø  Retira-se o ar do recipiente de colheita de modo a evitar que a flora bacteriana existente tenha oxigénio suficiente para se desenvolver.
Ø  Deslocam-se os dedos, horizontalmente, pela zona de fecho de arame do recipiente para que este fique bem fechado, e em seguida enrola-se a parte superior deste e dobram-se as extremidades.
Ø  Coloca-se o recipiente de colheita dentro da mala térmica.

Figura 1 - Saco de colheita de alimentos

Esfregaço

Ø  Escolhe-se a loiça/superfície que se pretende analisar.
Ø  Mergulha-se a zaragatoa no meio de cultura - água peptonada (que além de facilitar a aderência dos microrganismos à superfície da zaragatoa, também funciona como meio propício ao desenvolvimento de microrganismos por ser húmido).
Ø Passa-se a zaragatoa pela superfície que se deseja analisar (nas zonas mais suscetíveis de se manifestarem como fonte de contaminação).
Ø  Coloca-se a zaragatoa no tubo de ensaio esterilizado.
Ø  Coloca-se o tubo de ensaio em mala térmica.

Figura 2 - Zaragatoa

Em cada um destes casos (prato e esfregaço) efetua-se o preenchimento de uma ficha de identificação onde deve constar:

·         Identificação da Colheita (número da amostra/data/hora/local de colheita)
·         Identificação do Estabelecimento (nome / morada / freguesia / concelho / telefone / fax / estabelecimento).

Conservação e transporte

A amostra dos géneros alimentícios recolhida deve ser conservada de forma a evitar o desenvolvimento ou a destruição dos microrganismos antes da análise. Para isso, deve ser transportada:

Ø  Em mala térmica, entre 0 e 4º C; e
Ø  na ausência de luz.

O seu transporte até ao Laboratório deverá ser feito num prazo máximo de 6 horas. E deverá ser examinada em Laboratório antes de terem passado 24 horas (Norma Portuguesa 1828).Quando se trate de amostras de alimentos desidratados ou de conserva, a refrigeração não é necessária.

Reflexão

As colheitas de géneros alimentícios são de vital importância em termos de saúde pública, pois permite efetuar uma Vigilância da Higiene e Qualidade Alimentar.
A Vigilância da Higiene e Qualidade Alimentar efetuada corretamente permite, muitas vezes, prevenir surtos de toxinfeções alimentares, que de outro modo proliferariam sem qualquer impedimento.
Na última auditoria de higiene e segurança alimentar a um estabelecimento de educação, pude ver como se realizava a colheita de alimentos e o esfregaço, foram realizados todos os procedimentos anteriormente referidos, desde a colheita, o esfregaço e o transporte. Este tipo de procedimento é utilizado sempre que se faz uma auditoria nesta área.

Fonte:
·        Comissão técnica portuguesa de normalização de “microbiologia alimentar”. Norma Portuguesa 1828 . (1982) Microbiologia Alimentar - Colheita de Amostras para Análise Microbiológica.
·        Comissão técnica portuguesa de normalização de “microbiologia alimentar”. Norma Portuguesa 916 . (1972) Microbiologia Alimentar - Colheita de Amostras - Terminologia.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Salubridade na preparação dos alimentos

Durante o armazenamento, a preparação e a confeção dos alimentos, é necessário garantir determinados princípios de higiene, para que se possam prevenir os riscos de transmissão de infeções ou outras doenças de transmissão alimentar. Estes princípios, ou regras, dizem respeito à higiene pessoal dos manipuladores de alimentos, ao modo como os alimentos são manipulados, servidos ou conservados e à higiene das cozinhas e de outras instalações onde os alimentos são armazenados, conservados, preparados ou servidos.
O manipulador que lida com alimentos deve respeitar as regras básicas de higiene, deve usar fardamento apropriado – roupa, sapatos e proteção do cabelo – destinado exclusivamente às suas atividades nos locais de preparação de alimentos. Nos locais de manipulação direta de alimentos, pode ser aconselhável o uso de luvas e de máscara buco-nasal. De um modo geral, fardamentos de cores claras e limpos são sinal de boa higiene.
A lavagem das mãos com sabão líquido é indispensável sempre que se inicia ou reinicia o trabalho, depois da utilização dos sanitários e, de um modo geral, após as operações ou atos suscetíveis de as contaminar, por exemplo, após cortar legumes, descascar batatas, eviscerar animais, etc. Devem existir lavatórios à entrada dos sanitários e pontos de lavagem de mãos nas zonas onde se manipulam alimentos.
As entidades empregadoras devem assegurar que os manipuladores de alimentos tenham formação adequada e atualizada sobre as regras de segurança e higiene alimentar.
Nenhum indivíduo deve ser autorizado a trabalhar em zonas de manipulação ou confeção de alimentos, quando estiver infetado (ou se suspeitar estar infetado) com um agente infecioso que possa contaminar os alimentos, quando tiver febre, diarreia ou vómitos, pelo perigo de transmissão de doenças a outras pessoas que ingerem os alimentos por si manipulados ou preparados. Nestas situações deve consultar o médico que indicará as medidas preventivas ou de tratamento a adotar.

Normas básicas de higiene na manipulação de alimentos:
·         Lavar e desinfetar todos os produtos hortícolas e legumes a consumir em cru.
·         Não misturar alimentos crus com alimentos já confecionados, nem juntar alimentos de origem vegetal com alimentos de origem animal, durante e após a fase de preparação, de forma a evitar contaminações cruzadas.
·         Nunca deixar à temperatura ambiente cremes, maioneses e outros molhos/produtos em cuja confeção sejam utilizados ovos, pelo risco de multiplicação de salmonelas (que existem frequentemente nos ovos mas não só). No caso de não serem consumidos logo após a sua preparação, estes produtos devem ser imediatamente refrigerados.
·         Os alimentos devem ser servidos e consumidos logo após a sua preparação, nunca devendo ser deixados à temperatura ambiente, sobretudo na primavera, verão e outono. No caso de não serem logo consumidos, os alimentos devem ser mantidos abaixo de 10ºC ou acima de 65ºC, ou então congelados, a fim de se evitar o crescimento e multiplicação de agentes causadores de doenças (microrganismos e produtos resultantes da decomposição dos alimentos).
·         Nunca se devem conservar, refrigerar ou congelar alimentos preparados ou cozinhados junto de alimentos crus, para evitar os riscos de contaminação.
·         Nunca se devem descongelar e voltar a congelar os alimentos.
·         Quando for necessário reaquecer os alimentos deve-se garantir um aquecimento adequado de modo a destruir eventuais microrganismos que se tenham produzido (acima dos 65º).
·         Deve-se respeitar sempre os prazos de validade e as condições adequadas de conservação dos diferentes alimentos. Latas de conserva com a tampa abaulada ou que libertem gás no momento da sua abertura, nunca devem ser consumidas pelo risco de botulismo, que é uma doença muito grave e, por vezes, mortal. Nunca se devem guardar latas de conserva depois de abertas (o seu conteúdo deve ser transferido para recipientes apropriados).

Higiene das instalações e equipamentos

As instalações destinadas à armazenagem, preparação e consumo de alimentos devem estar limpas e livres de roedores, insetos e animais domésticos. A limpeza dos compartimentos deve fazer-se por via húmida, com água quente e detergentes adequados e/ou por meios de aspiração adequados.
As loiças, máquinas e outros utensílios utilizados na preparação de alimentos devem manter-se em perfeito estado de asseio. As máquinas de picar carne devem ser desmontadas e lavadas após a sua utilização. As fritadeiras devem ser lavadas sempre que se mudar o óleo, a fim de se eliminarem os resíduos da utilização anterior. A lavagem da loiça, talheres e restantes utensílios deve fazer-se recorrendo a uma máquina de lavagem de loiça.
A loiça falhada, rachada ou partida deve ser eliminada porque acumula resíduos e microrganismos. Deve evitar-se a utilização de loiça de barro vidrado, por poder transmitir chumbo aos alimentos.
As tábuas para cortar alimentos não devem ser de madeira, pois podem alojar microrganismos, devem ser em material plástico, próprio para alimentos.
Os produtos alimentares devem estar sempre protegidos e devidamente acondicionados em depósitos e armários bem vedados e higiénicos, ou em equipamentos frigoríficos adequados, de modo a serem convenientemente resguardados de poeiras e vetores animais, só devendo ser retirados desses locais no momento de serem manipulados/preparados.

Todos estes são concelhos da Organização Mundial de Saúde e encontram-se disponíveis no portal da saúde pública.

Reflexão

                Todos estes conceitos são transmitidos aos funcionários quando se faz uma vistoria na área da segurança alimentar, são referidos oralmente quando estamos no local e mais tarde quando é entregue o relatório da vistoria. Também podem ser transmitidos quando damos uma formação de manipulação de alimentos aos próprios manipuladores. Para mim, são conselhos extremamente importantes, pois pequenos gestos, como os referidos anteriormente, podem reduzir milhares de doenças que, segundo a OMS, já sabemos que existem. O livro publicado pela OMS (“Cinco Chaves para uma Alimentação mais Segura”) é extremamente importante e interessante. Recomendo que seja lido por todas as pessoas que se interessem com este tema, pois é de fácil leitura e ensina aspetos de manipulação de alimentos muito importantes que não devem ser adotados só nos estabelecimentos alimentares como nas nossas próprias casas, não esquecendo que é lá que muitas das vezes se apanham as toxinfeções alimentares, que segundo a OMS, é a doença de natureza infeciosa ou tóxica, causada ou potencialmente causada, pelo consumo de alimentos ou por água. Estas toxinfeções decorrem da infeção do alimento, ou seja, resulta do crescimento de microrganismos nos intestinos após a ingestão do alimento por eles contaminado. Muitas vezes as pessoas confundem a infeção alimentar com intoxicação alimentar, em que, este tipo de situação ocorre frequentemente e não é necessária a ingestão do microrganismo, mas sim da(s) toxina(s) produzidas por ele enquanto está no alimento. Algumas das toxinas são destruídas pelo processamento mas outras continuam no alimento mesmo quando o microrganismo é eliminado.



Fonte: